O medo da contaminação faz brasileiros repensarem o consumo de bebidas alcoólicas. Casos se espalham e número de mortes cresce.
A crise do metanol provocou uma corrida por segurança entre consumidores no setor de bebidas. Desde agosto, o Ministério da Saúde já investiga mais de 123 casos de intoxicação — 12 mortes foram registradas até o momento, e São Paulo concentra a maior parte das ocorrências confirmadas.
Outros estados, como Bahia, Pernambuco, Paraná, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, também estão sob vigilância. O governo federal montou uma Sala de Situação para acompanhar o avanço dos casos e reforçou a fiscalização sobre fábricas e distribuidoras.
“Vinho Para Fugir do Destilado”
A frase que viralizou nas redes resume o novo comportamento: muitos brasileiros estão substituindo vodca, gim e uísque por vinho e cerveja, acreditando que bebidas fermentadas são mais seguras.
“Antes eu tomava gim, agora pago mais caro no vinho, mas pelo menos sei de onde vem”, contou uma consumidora de Camaçari. A preferência por produtos com rótulo original e selo fiscal visível se tornou regra entre quem quer evitar riscos.
O metanol é uma substância tóxica usada na indústria e não deve estar presente em bebidas alcoólicas. Ele pode aparecer quando há erro no processo de destilação — ou pior, quando é adicionado ilegalmente para baratear custos.
As investigações apontam para esquemas de falsificação que desviam metanol industrial para o mercado clandestino. O governo já solicitou à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) o envio do antídoto fomepizol, usado no tratamento da intoxicação.
Desigualdade e Risco para os Mais Pobres
A crise efeta um problema social: quem compra o mais barato corre mais risco. Em regiões periféricas e cidades pequenas, ainda é comum o comércio de bebidas sem selo, vendidas a preços muito abaixo do mercado.
O Estado e Secretarias de Saúde dos Municípios precisam reforçar a fiscalização e criar campanhas educativas para alertar a população sobre os perigos das bebidas adulteradas — que podem causar cegueira, coma e morte em poucas horas após o consumo.
O Conselho Federal de Química desaconselha testes caseiros e orienta que o consumidor procure atendimento médico imediato se sentir sintomas como:
- visão turva ou embaçada,
- náuseas e tontura,
- dor abdominal ou de cabeça intensa.
O tratamento é mais eficaz quanto mais rápido for iniciado.
Bahia Fatos News – Edição de 4 de Outubro de 2025
Produção editorial: Redação BFNews | Edição: A.Almeida