Eu vi a peça e, na real, a frase parece aquelas viradas de ano bem “pé no chão”: não depender de sorte e entrar “com os dois pés”, com coragem e ação. Só que o “pé direito” (expressão popular) foi lido por gente da direita como cutucão político, e aí o que era mensagem de atitude virou briga de torcida.
O que me pega é como o consumo vira crachá: “compro pra mostrar que sou”, “não compro pra provar que não sou”. O boicote ganhou corpo quando figuras públicas gravaram vídeo atacando a marca e chamando seguidores para largar o produto, e isso, em rede social, espalha rápido demais.
O susto nas ações em 22 e 23 de dezembro
A novela não ficou só no meme. No dia 22/12/2025, a Alpargatas (ALPA4), dona da Havaianas, fechou em queda de 2,39% (R$ 11,44), com estimativa de -R$ 152 milhões em valor de mercado. No 23/12/2025, os papéis reagiram e apagaram parte das perdas, mostrando como o “barulho” mexe no curtíssimo prazo, mesmo sem virar sentença definitiva para o negócio.
A treta cresce porque raiva rende clique, vídeo-resposta e “batalha de meme” sem fim. E o mais irônico: mesmo com boicote, a marca chegou a ganhar cerca de 150 mil seguidores em 48 horas, sinal de que a polêmica também “alimenta” alcance. No final, fica meio amargo: hoje, até chinelo pode virar lado, e isso cansa.
Por A. Almeida
























