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As eleições municipais de 2024 estão se configurando como uma das mais desafiadoras para os candidatos a prefeito em todo o Brasil. Na Bahia, o cenário é ainda mais interessante: 214 municípios têm uma disputa acirrada entre apenas dois candidatos, o que representa mais de 50% dos 417 municípios do estado. Já em Camaçari apesar de ter 5 candidatos, se houver segundo turno, a disputa será entre os dois mais votados, o candidato Oswaldinho Marcolino(MDB) é a aposta do partido. Esse dado demonstra que as disputas diretas estão cada vez mais presentes nas decisões municipais. A emoção, a intensidade e as estratégias de campanha são ainda mais evidentes quando as opções dos eleitores se resumem a apenas dois concorrentes.
A Bahia não está sozinha nesse fenômeno. No Brasil, 49% dos municípios enfrentam a mesma realidade em 2024. São 2.748 cidades em que os eleitores terão que escolher entre apenas dois candidatos para o cargo de prefeito. Isso significa que 5.496 candidatos disputarão diretamente o executivo municipal. Esse número é impressionante, e só é superado pelas eleições de 2000, quando 2.794 cidades tiveram apenas dois candidatos. Esse fenômeno de redução nas candidaturas está diretamente relacionado a fatores como os crescentes desafios na gestão pública e a crise financeira que atingiu os municípios nos últimos anos.
Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), explica que o cenário atual reflete uma queda de 20% no número de candidaturas em comparação com as eleições de 2020. Essa diminuição está diretamente ligada às dificuldades enfrentadas pelos prefeitos nos últimos anos, como a crise fiscal e os inúmeros desafios de governança local. Administrar uma cidade, especialmente com poucos recursos, tornou-se uma tarefa árdua e, para muitos, desmotivadora. O resultado disso é que muitos potenciais candidatos têm optado por não concorrer ao cargo, o que acaba criando um ambiente de disputas mais restritas.
Disparidade de Gênero nas Disputas Eleitorais
Outro ponto revelador das eleições de 2024 é a disparidade de gênero entre os candidatos. Sete a cada dez cidades com disputas diretas têm apenas candidatos do sexo masculino. Em 1.981 municípios, os dois concorrentes são homens, o que representa 72% das disputas. Essa estatística reflete um problema crônico na política brasileira: a baixa representatividade feminina. Em contrapartida, em 701 cidades, que correspondem a 26% do total, a disputa será entre um homem e uma mulher. Somente em 66 cidades a disputa ocorre entre duas mulheres, ou seja, apenas 2% do total. Esses números são um reflexo da realidade política nacional, em que mulheres ainda encontram dificuldades em alcançar cargos de liderança, especialmente no executivo municipal.
Representatividade Racial e os Candidatos em 2024
A questão racial também tem destaque no levantamento da CNM. Em apenas 77 municípios, ou 3% do total, haverá disputa entre candidatos que se declararam pretos ou pardos. Esse dado é alarmante quando comparado à demografia brasileira, onde a maioria da população se autodeclara preta ou parda. Em quase metade das cidades, 1.201 municípios, ambos os concorrentes são brancos. Em 870 cidades, ou 32%, as disputas ocorrem entre candidatos brancos e pardos. A falta de diversidade nas candidaturas reflete a necessidade de mais inclusão e políticas afirmativas que incentivem a participação de minorias na política.
Quando falamos sobre os partidos que mais se enfrentam nessas disputas diretas, vemos que o MDB é o grande protagonista. As três disputas mais frequentes serão entre MDB x PP (168), MDB x PSD (154) e MDB x PL (111). Esses números não são surpreendentes, já que o MDB tem uma forte presença no cenário municipal brasileiro. No total, as 20 maiores disputas partidárias representam 56% do total de pleitos com dois candidatos, ou seja, 1.548 cidades. Além disso, os cinco partidos mais envolvidos nessas disputas — MDB, PSD, PP, UNIÃO e REPUBLICANOS — concentram 59% das candidaturas, com 3.256 candidatos no total.
Um dado curioso revelado pela pesquisa da CNM é que 11% das cidades brasileiras nunca tiveram uma disputa direta entre apenas dois candidatos. São 618 municípios em que os eleitores sempre tiveram mais opções de escolha nas últimas sete eleições. Por outro lado, em 4.951 cidades, os eleitores já enfrentaram esse tipo de cenário ao menos uma vez. Isso demonstra que, embora a maioria dos municípios brasileiros esteja vivenciando eleições mais enxutas, ainda existem lugares onde a competitividade eleitoral é mais concorrida, com uma maior diversidade de candidatos e propostas.
