A proposta do salário-mínimo de R$ 1.515,00 que mexe no bolso do trabalhador –
O governo federal apresentou uma nova fórmula para o reajuste do salário-mínimo, que promete mudar profundamente a dinâmica financeira de milhões de brasileiros. O impacto no bolso, e na vida daqueles que dependem desse valor para sobreviver. Se essa proposta passar no Congresso, o aumento real ficará limitado a 2,5% ao ano, mesmo que o crescimento econômico do país seja superior a isso.
Pelo modelo vigente, o reajuste do salário-mínimo é feito com base em dois fatores:
- A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
- O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores.
Com esse cálculo, o valor do mínimo em 2025 deveria chegar a R$ 1.521, com um aumento total de 7,71%. No entanto, a nova regra reduz esse índice, limitando o crescimento real acima da inflação a 2,5%.
Com a mudança proposta, o salário-mínimo em 2025 será de R$ 1.515, ou seja, R$ 6 a menos por mês em relação ao modelo atual. Para muitos, esse valor pode parecer pequeno, mas faz diferença no orçamento de famílias que vivem no limite. Além disso, aposentados e beneficiários de programas como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) também sentirão no bolso, já que seus benefícios estão vinculados ao salário-mínimo.
O salário-mínimo serve como referência para 59,3 milhões de brasileiros, segundo dados do Dieese. Isso inclui trabalhadores, aposentados e beneficiários de programas sociais. A nova fórmula reduzirá a capacidade de compra dessas pessoas, afetando diretamente o consumo e, consequentemente, o comércio local e a economia como um todo.
Além disso, o governo estima economizar cerca de R$ 2 bilhões com as novas regras em 2025. Esse valor, que seria destinado ao pagamento de aposentadorias e benefícios sociais, deixa de circular na economia, criando um efeito cascata que pode prejudicar ainda mais as famílias de baixa renda.
O teto de 2,5%: limite ou retrocesso?
O limite de 2,5% no aumento real do salário-mínimo é justificado pelo governo como uma medida para conter gastos públicos. Contudo, para quem depende desse valor, a percepção é bem diferente. É como se o crescimento do país não fosse compartilhado com os trabalhadores, reforçando desigualdades e dificultando ainda mais a ascensão social.
A decisão agora está nas mãos do Congresso Nacional. A aprovação ou rejeição da nova fórmula não é uma questão técnica, será um reflexo de como o país valoriza seus trabalhadores e aposentados. O debate deve ir além de números e fórmulas, considerando o impacto humano e social dessa mudança.
A cada real que deixa de ir para o bolso do trabalhador, uma fatia significativa de esperança e dignidade também se perde.
Por A. Almeida -Jornalista, Economista e Servidor Público