Por – Paulo Roberto Novais
O papa Francisco foi mais que o representante supremo da igreja católica apostólica romana. Ele foi um líder espiritual relevante.
O papado do “pastor” jesuíta Jorge Mário Bergoglio foi repleto de ineditismos e de enfrentamento a vários ditames da sua igreja.
Mesmo àqueles que não seguiam a sua religião, a fé dele os contagiava. Com sua fala pausada e envolvente conseguiu passar relevantes mensagens aos homens e mulheres de boa vontade. Seu desejo era que a igreja fosse mais acolhedora.
Como bom jesuíta posicionava-se contra o consumismo exagerado, mas também contra a “teologia da libertação”, de base marxista. Era um homem de contrastes, mas de muita coerência. Manteve-se tradicional quanto a questões relevantes, como o aborto, ordenação de mulheres e o celibato. Por outro lado, posicionou-se publicamente contra os abusos sexuais do clero, bem como quanto ao necessário acolhimento aos homossexuais, que detentores de fé legítima, não poderiam ser deixados de lado, tampouco julgados.
Sempre demonstrando humildade e pouco apego as riquezas da sua igreja, continuou a usar o crucifixo de aço, que usava enquanto cardeal, ao invés do tradicional de ouro. Rejeitou as luxuosas acomodações papais. Pediu um enterro simples e uma única inscrição no seu túmulo: Franciscus. Mostrou-se, assim, coerente com o seu lema papal “Miserando atque eligendo”, ou seja, “Olhou-o com misericórdia e o escolheu”.
Foi-se um grande líder. E líderes não se impõem. Eles se formam, se moldam, prosperam e lideram.
Paulo Roberto Novais S. de Quadros– Doutor em Ensino, Filosofia e História das Ciências e Mestre em Administração, pela UFBA;