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Arrecadação do ICMS reflete desempenho econômico da Bahia em 2024

Em 2024 o Estado da Bahia arrecadou R$ 40,1 bilhões de ICMS, apresentando um crescimento real de 9,69%, em relação ao ano anterior e, já deduzida a variação monetária medida pelo IPCA. Segundo dados publicados no site ba.gov.br em 10/12/2024, o PIB baiano cresceu 3,6% no 3º tri e acumulou alta de 3,1% até setembro de 2024. Além do crescimento previsto de 3,5 a 4% na geração de riquezas para o ano de 2024, há que se destacar a implantação da Conformidade Tributária pela Secretaria Estadual da Fazenda, que visa maior proximidade do fisco com os contribuintes, a plena regularidade nas obrigações tributárias e a menor incidência na aplicação de multas. Esse processo de conformidade aprovado pela Lei nº 14.761/24 e regulamentado pelo Decreto 25.053/24, que institui o Programa de Conformidade Tributária se iniciou em outubro, com o REFIS ICMS BAHIA 2024 – vigência de outubro/24 a 03/02/2025, faculta ao contribuinte saldar débitos tributários com fato gerador ocorrido até dezembro de 2023. O programa concede redução de até 95% nas multas e encargos incidentes sobre os créditos tributários constituídos. Nesse período inicial de vigência – até 31/12/24, o REFIS ICMS 2024 já permitiu duplicar o total das recuperações de créditos tributários do exercício anterior.

ARRECADAÇÃO DO ICMS BAHIA – 2024
Em valores reais IPCA (R$ 1.000,00)
SEGMENTOS20242023% 2024/232022% 2023/22
Agricultura e Agroindústria1.086.621,181.0prevê82.471,470,391.162.019,93-7,35
Comercio Atacadista7.904.215,596.745.775,1917,176.191.212,688,96
Comércio Varejista9.790.825,408.296.369,7018,017.491.364,3010,75
Ind. Açúcar e Álcool14.298,8619.787,45-27,7446.113,78-57,09
Ind. Bebidas2.377.413 972.247.142,545,802.019.265,4511,29
Ind. Metalúrgica447.901,87430.679,544,00549.823,03-21,67
Ind. Mineração e Derivados517.664,20512.772,390,95612.211,75-16,24
Ind. Química2.515.620,762.317.757,378,542.719.110,79-14,76
Misto Indústria718.166 33557.976,5128,70547.008,442,01
Misto Serviços438.214,41359.505,0921,89337.111,476,64
Petróleo7.828.792,106.818.750,1514,818.937.757,78-23,71
Serviços de Transporte570.895,38412.506,6238,40446.541,90-7,62
Serviços de Utilidade Pública3.942.113,735.049.094,89-21,924.224.249,2619,53
Supermercados1.954.154,361.714.100,5914,001.593.107,427,59
 40.106.808,1436.564.689,50             9,6936.876.897,98             0,85
Fonte: Sefaz Bahia

Quanto aos recolhimentos do principal tributo estadual – ICMS, há consonância com o crescimento das atividades econômicas. A queda nos recolhimentos da Agricultura – de R$ 303 mi para R$ 252 milhões foi compensada pela elevação da Agroindústria – de R$ 779 mi para R$ 834,6 milhões, denotando agregação de valores à produção.  Destaque para o setor comercial, onde apresentou elevação de 18,01% no Setor Atacadista, 18% no Varejo e 14% em Supermercados, além dos Serviços de Transporte que obteve alta de 38,40% no volume de recolhimentos de ICMS.

O Setor Industrial apresentou crescimento real de 8,28%, com destaque para a Indústria Química – 8,54% e reflete a produção industrial baiana mais voltada a bens intermediários. Nossa indústria carece ser direcionada à produção de bens de consumo final, uma vez que a Reforma Tributária aprovada no Congresso Nacional destinará o IBS – Imposto sobre Bens e Serviços ao Estado e Município onde ocorrer o efetivo consumo.

Nos setores mais impactados pela edição da LC 192/2022, que definiu combustíveis, energia elétrica e serviços de comunicação como bens de essencialidade, ocorreu acentuada queda em 2023, diante da incidência da alíquota modal de 19%. Em 2024, no Setor Petróleo, a majoração da alíquota “ad rem” a partir de 1º de fevereiro – R$1,3721 para a gasolina, R$1,4139 para o GLP e R$1,0635 para o diesel, possibilitou acréscimo de 14,81% nos recolhimentos sobre operações com combustíveis, atingindo

R$ 7.828 milhões, ainda inferior ao montante arrecadado pelo Setor Petróleo em 2022. Nos Serviços de Utilidade Pública, amplamente impactados pela LC 192/2022, nota-se expressiva queda de 21,92%, fechando o exercício com arrecadação reduzida a R$ 3,942 bilhões. A gradual substituição da telefonia pelo uso das redes sociais nas comunicações, as crescentes disponibilizações da energia solar para uso das empresas e famílias, têm reduzido o faturamento das operadoras e distribuidoras com a consequente redução da carga tributária.

A elevação no consumo reflete a redução nos níveis de desemprego, ampliação nos rendimentos das famílias e das políticas públicas de distribuição de renda. Essa demanda em alta, sem o respectivo aumento da oferta de bens e serviços, alimenta o processo inflacionário e a consequente perda do poder de compra da moeda, forçando a elevação dos juros pela autoridade monetária e o crescimento dos serviços da dívida pública. Juros elevados provocam aumento dos níveis de endividamento público, e não estimulam o fomento à expansão e a modernização das empresas. Sem novos empreendimentos, inibe-se a geração de novos empregos e a oferta de bens para atendimento à crescente demanda.  Em última análise, gera um ciclo que não garante o crescimento sustentável da economia.

Josias Menezes Neto
Diretor de Assuntos Econômicos e Financeiros do IAF

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