Por A. Almeida –
Os trabalhadores do polo industrial de Camaçari enfrentam um desafio diário: a exposição constante à poluição. Isso afeta o meio ambiente e a saúde física e mental de quem vive e trabalha na região. O estresse diário, somado aos riscos à saúde provocados por substâncias tóxicas no ar, resulta em problemas respiratórios, cardiovasculares e até doenças crônicas graves. Para muitos, o cansaço acumulado reflete diretamente em uma qualidade de vida que está longe do ideal.
Camaçari carece de espaços adequados para lazer e atividades recreativas, o que prejudica tanto a saúde física quanto a mental dos seus moradores. Em um município com forte histórico de trabalho industrial, a falta de áreas verdes, parques e opções de cultura e entretenimento cria um ambiente onde o descanso e a descontração se tornam quase impossíveis. Isso é uma questão de saúde pública. Populações sem acesso a lazer apresentam maiores taxas de depressão, ansiedade e doenças relacionadas ao sedentarismo.
Os serviços de saúde em Camaçari enfrentam uma crise que afeta diretamente a população. Consultas atrasadas, falta de medicamentos e equipamentos básicos e o descaso no atendimento criam uma barreira intransponível para quem depende do sistema público. A ausência de investimentos na infraestrutura e a demora na implementação de políticas efetivas refletem nos índices alarmantes de expectativa de vida. Em muitas situações, moradores relatam casos de negligência e atrasos que custam vidas.
Comparativo da expectativa de vida: Camaçari e a média nacional
A expectativa de vida no Brasil, que alcançou 76,4 anos em 2023, é um reflexo de avanços pontuais, mas ainda esconde desigualdades gritantes. Na Bahia, o índice de 75,6 anos está abaixo da média nacional, mas em Camaçari, a situação é ainda mais preocupante. O polo industrial, a falta de lazer e os problemas crônicos no sistema de saúde empurram a cidade para um cenário onde viver bem é um privilégio de poucos.
As mulheres na Bahia vivem, em média, oito anos a mais que os homens. Em Camaçari, essa diferença reflete condições biológicas e sociais. Enquanto muitas mulheres enfrentam desafios ligados à saúde materna e à dupla jornada, os homens lidam com altos índices de doenças ocupacionais, agravadas pelo trabalho em indústrias poluentes.
Bahia: uma posição preocupante no ranking nacional
No cenário nacional, a Bahia ocupa a 18ª posição em expectativa de vida, um dado alarmante para um estado com tanta diversidade e potencial. No Nordeste, fica na sexta colocação entre nove estados. Esses números mostram que a desigualdade regional continua sendo um desafio que afeta diretamente a saúde e o bem-estar das populações mais vulneráveis.
Após as quedas na expectativa de vida causadas pela pandemia, os índices começaram a se recuperar. Em 2023, a Bahia voltou ao patamar de 75,6 anos, o mesmo de 2019. No entanto, essa recuperação ainda não reflete uma melhoria real na qualidade de vida para todos, especialmente em municípios como Camaçari, onde os desafios permanecem estruturais e demandam atenção urgente.