Por Augusto Moreira, Auditor fiscal e Professor
De acordo com uma pesquisa do IBGE – Instituto brasileiro de Geografia e Estatística, os problemas financeiros são a causa de quase 60% dos divórcios no Brasil. Segundo dados do SPC – Serviço de Proteção ao Crédito, quase metade dos casais brigam por questões financeiras. Um tema frequente nestas discussões é a infidelidade financeira.
Infidelidade financeira? O que é isso?
Infidelidade financeira é quando cônjuges, parceiros ou familiares escondem informações financeiras uns dos outros. A infidelidade ocorre principalmente entre casais, mas pode ocorrer também entre familiares.
Quando se fala de infidelidade financeira vem logo a ideia de uma pessoa tem dívidas e não revela para a família. Aí a revelação ocorre de maneira abrupta, quando a dívida já está grande, quando a pessoa sofre restrição de crédito ou pela perda do bem. Mas se incluem também neste rol: contas bancárias ou rendas não reveladas, empréstimos ocultos, uso indevido de recursos comuns sem o conhecimento ou consentimento da outra pessoa.
Outro caso comum é da pessoa que faz compras escondidas dos familiares para não ficar sendo repreendida o tempo todo. Pode parecer besteira, mas acreditem o que começa como uma pequena omissão, pode se tornar uma bola de neve, e se não evitarmos este tipo de conduta pode levar a destruição de relacionamentos.
Outro exemplo de infidelidade financeira é omissão pelo cônjuge, parceiro ou familiar, de alguma dificuldade financeira, como: perda de emprego, de rendimento, ou que fez algum investimento que não deu o retorno esperado. A infidelidade nestes casos pode ocorrer por orgulho ou vergonha.
Existe também outro tipo de infidelidade financeira, que é quando uma pessoa guarda dinheiro escondido do cônjuge ou dos demais familiares. Isto acontece quando o que guardou não confia nos outros familiares, achando que são descontrolados. E quando tem algum imprevisto financeiro na família, ele aparece com os recursos para ajudar, dizendo que juntou o dinheiro ao longo dos anos ou que fez um serviço extra.
Esta poderia ser um tipo de infidelidade do bem. Mas amigos, infidelidade é sempre infidelidade!
Mesmo que a pessoa oculte uma informação financeira com as melhores das intenções, isto demonstra uma questão de falta de confiança entre os cônjuges ou familiares. Em qualquer circunstância isto é ruim! O ideal é transparência. Quanto mais cedo se falar sobre questões financeiras, melhor!
Aí vem aquela dúvida: eu não vou ter a minha individualidade, minha autonomia financeira? Não é isso que eu estou dizendo! Mas qualquer relacionamento deve pautar pela transparência, por exemplo, se você quer se casar, tem que saber que as finanças, assim como a vida vão ter que ser compartilhadas.
Deve-se ter o orçamento em comum do casal, para as despesas e os projetos comuns. O mesmo ocorre com a família. Isto não impede que cada um tenha um orçamento próprio, para as despesas e desejos individuais. É aquele caso: o nosso, o meu e o seu.
Não pode ser como muitos querem: o meu é meu! E o seu é nosso! Deve haver uma interação e respeito mútuo entre os participantes da relação, pois a ausência denota falta de confiança. E a base de qualquer relacionamento é a confiança e transparência!
Por isso eu repito: Falar de dinheiro, não é só falar de dinheiro, é falar de vida e também de relacionamentos!