Por A. Almeida- Em um ano eleitoral, é comum ver candidatos prometendo mudanças importantes, mas poucos conseguem propor algo tão impactante quanto Oswaldinho.
Oswaldinho Marcolino, pré-candidato a prefeito de Camaçari, marcou seu nome na história política de Camaçari ao lançar a inovadora proposta de Tarifa Zero. Em um ano eleitoral, é comum ver candidatos prometendo mudanças importantes, mas poucos conseguem propor algo tão impactante quanto Oswaldinho. Seu projeto visa oferecer transporte público gratuito para toda a população de Camaçari, uma iniciativa que, inicialmente, soou como um sonho distante.
A Incorporação por Caetano no seu discurso
Meses após o anúncio de Oswaldinho, outro candidato, Caetano, incorporou a ideia da Tarifa Zero em seu discurso. Ele sugeriu que, talvez, um valor mínimo poderia ser cobrado. Essa mudança de postura levantou questionamentos sobre a viabilidade e a intenção por trás da proposta. Será que a Tarifa Zero é uma solução real para os problemas de transporte ou apenas uma jogada política?
O Investimento de Quase R$ 100 Milhões
A prefeitura de Camaçari vai receber um investimento substancial de quase R$ 100 milhões, destinados à compra de 30 ônibus elétricos financiados pelo PAC II. A pergunta que fica é: a população de Camaçari vai realmente usufruir desse benefício? Com a Tarifa Zero, o acesso ao transporte se tornaria mais inclusivo, mas a gestão desses recursos será eficaz para garantir o sucesso da iniciativa.
A implementação da Tarifa Zero cria uma nova dinâmica nos deslocamentos urbanos. A mudança nos hábitos da população tende a aumentar a demanda por transporte público, o que exige um número maior de veículos em operação. Essa elevação na demanda também resulta em custos operacionais mais altos, demandando maior aporte de recursos do poder público local.
Modelos de Financiamento e Comprometimento do Orçamento
A maioria das cidades que adota a Tarifa Zero financia o transporte público por meio de fundos municipais. Esses fundos são abastecidos por dotações orçamentárias, recursos do município, repasses estaduais ou federais, além de receitas provenientes de atividades como estacionamentos rotativos e exploração de espaços publicitário.
Os recursos necessários para manter a Tarifa Zero costumam comprometer uma pequena parte do orçamento anual das cidades, cerca de 3% na maioria dos casos. Em cidades maiores, esse comprometimento deve chegar a 5% ou mais. Equivalente ao orçamento da Câmara Municipal de Camaçari. No caso de São Paulo, por exemplo, a Tarifa Zero vai consumir de 15 a 20% do orçamento municipal, destacando a importância de encontrar novas fontes de custeio.
A Tarifa Zero é uma política pública inclusiva que promove a organização do espaço urbano e o uso racional do sistema viário. Contudo, ela não garante, por si só, um serviço de qualidade. A superlotação e a perda do nível de serviço são problemas comuns quando a oferta de transporte não acompanha o crescimento da demanda.
Exemplos de Sucesso
A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) relatou que 124 cidades brasileiras já operam suas frotas de ônibus sem cobrança de tarifa. Destas, 106 praticam a Tarifa Zero de forma plena. Municípios como Caucaia, Luziânia e Maricá têm demonstrado que a Tarifa Zero deve ser uma realidade, desde que bem gerida.
A proposta de Oswaldinho Marcolino trouxe um debate importante sobre o futuro do transporte público em Camaçari. Em um ano eleitoral, é essencial analisar criticamente as promessas feitas e entender suas implicações reais para a população. A Tarifa Zero deve ser uma solução viável, desde que acompanhada de uma gestão eficiente e fontes de financiamento sustentáveis.