Como as independentes sobrevivem à guerra contra as grandes drogarias
Atual cenário farmacêutico é de pânico, estabelecimentos sofrem limitações na gestão dos negócios e quase 30% das farmácias fecham as portas após 2 anos.
Até parece um grande negócio. Se bem administrado, tem tudo para que seja. A indústria farmacêutica brasileira tem sido palco de uma abertura recorde de novas lojas nos últimos anos, com mais de 120 mil estabelecimentos farmacêuticos atualmente operando no país, de acordo com dados do Sebrae. No entanto, o grande desafio enfrentado por essa indústria está na sobrevivência desses pontos de vendas.
As pequenas farmácias constituem 84% dos pontos de venda do varejo farmacêutico, superando o número de postos de saúde e hospitais, e desempenham um papel essencial na capilaridade dos serviços de saúde. No entanto, enfrentam desafios significativos, com uma média de 28 pequenas farmácias fechando diariamente, das quais 80% são de pequeno e médio porte, ou seja a consequente diminuição gradual das farmácias de bairro, aquelas que o cliente até conhece o farmacêutico pelo nome e vice-versa.
Mas há muitas que permanecem abertas e não estão prosperando devido à falta de gestão profissional. Não encantam os clientes. Um estudo apresentado pela Close-Up Internacional revelou que quase 30% das drogarias fecham as portas após o período de dois anos de operação.
De acordo com os dados da consultoria, entre 2021 e 2022, o Brasil testemunhou a abertura de 18.176 novas farmácias, o que corresponde a cerca de 19,9% do total de lojas no país. Esse crescimento significativo, porém, também veio acompanhado do fechamento de 5.125 estabelecimentos no mesmo período. Os dados consideram que esses pontos de venda não demonstraram ter um faturamento nos três meses anteriores.
Existem cinco farmácias para cada 10 mil habitantes no Brasil. Os números são de um estudo feito pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) em parceria com a Cognatis, empresa especializada em big data e analytics.
A região Centro-Oeste é a que apresenta a maior quantidade de lojas na proporção populacional, totalizando 6,1 a cada grupo de 10 mil pessoas, enquanto o Sudeste tem a menor taxa: 4,2 unidades a cada 10 mil habitantes.
Quando considerado o número geral de estabelecimentos, 36% das farmácias no Brasil concentram-se nos quatro estados do Sudeste, o que representa 35.912 unidades físicas. O Nordeste aparece a seguir, com 30%, ou 29.901 em números absolutos.
Em terceiro lugar, vem o Centro-Oeste, onde se concentram 15% das farmácias brasileiras (15.186 lojas). Depois, vêm as regiões Sul e Norte, respectivamente, com 10% e 9% do total dos pontos de vendas no País, representando, em ordem decrescente, 9.847 e 8.970 unidades.
As redes farmacêuticas representam quase 20% do volume de lojas. “A presença das farmácias no mercado brasileiro mostra que algumas poucas empresas são de alcance nacional e diversas companhias têm muita força regional”, comenta Eduardo Terra, presidente da SBVC.
Atualmente, o índice desses encerramentos é particularmente impactante para as pequenas e médias empresas do ramo. Enquanto as farmácias de redes consolidadas têm uma maior capacidade de negociação e vendas, as independentes enfrentam desafios significativos devido à falta de recursos e conhecimentos específicos de gestão.
O atual cenário do comércio farmacêutico sofre limitações de visões de negócios e gestões de alguns empresários do setor independente. Segundo Gio Mileo, consultor farmacêutico e palestrante da metodologia Farmácia 10X, a boa gestão é a chave para ampliação de vendas. Os proprietários de farmácias independentes e associativistas demandam o trabalho operacional e desconhecem os principais indicadores do negócio, evidenciando uma direção às cegas do estoque, marketing, lucratividade e equipe.
Na visão do especialista, as supostas concorrências deveriam ser vistas como uma oportunidade de inspiração, mas no cenário atual há certa tensão.” Os números das grandes redes podem acabar inspirando, mas no momento as farmácias independentes estão em pânico. Estas redes começam a abrir seus estabelecimentos próximos aos pequenos comércios e em cidades menores, assim levantando e sustentando seu próprio crescimento”.
Por meio das ferramentas de medição que sua consultoria disponibiliza para as farmácias, Mileo identifica três aspectos primordiais que ajudam farmácias independentes a aumentarem suas vendas e concorrerem com grandes empresas. São eles, relacionamento e proximidade com os clientes, agilidade na execução e delivery mais ágil.
“Poucos negócios têm o potencial de criação de relacionamentos duradouros quanto uma farmácia independente. Além do atendimento, o que destaca um estabelecimento é a aprendizagem de gestão e processos. Donos independentes precisam usar estratégias para não perderem vendas, um destaque é o delivery, em que as entregas rápidas com eficiência equilibram a vantagem em relação às grandes redes”.
O especialista afirma que a metodologia já salvou mais de 2 mil farmácias independentes, os conteúdos abordados aos empreendedores e gestores de farmácia são fundamentais para o crescimento de comércios independentes ampliando o profissionalismo, baseados na experiência do cotidiano, boa aparência e comunicação. Além disso, os resultados têm sido surpreendentes, gerando aumento nas vendas e fidelização dos clientes, consolidando o sucesso desses empreendimentos