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Receita especial de Lucia para a Sexta-feira Santa: Bacalhau à baiana com maxixe

Uma chef que é a Rainha do dendê: o tempero único de Lucia

Lucia Maria dos santos é uma servidora pública admirada – ela é um verdadeiro patrimônio vivo da culinária baiana. Considerada por muitos como uma das melhores cozinheiras da Bahia, ela é uma chef: Anfitriã afetuosa e incansável, presença garantida nos momentos mais especiais do ano. Seja na Semana Santa, no caruru de Cosme, nas festas de Santa Bárbara ou nas despedidas emocionadas de colegas, é ela quem comanda o fogão e faz dos eventos um verdadeiro ritual de afeto e tradição.

Nascida e criada entre Salvador e o Recôncavo Baiano, Lucia cresceu imersa nos sabores, cheiros e segredos da culinária afro-baiana. Suas mãos carregam saberes antigos, transmitidos de geração em geração, temperados com dendê, fé e resistência. Cada prato que ela prepara é uma oferenda, um abraço, uma forma de manter viva a herança dos povos africanos que moldaram a Bahia. Sua conexão profunda com os cultos de matriz africana faz com que a cozinha seja, também, um espaço de espiritualidade. Na casa de Lucia, alimento é sagrado.

Lucia sabe que cozinhar para os orixás é diferente. Cada ingrediente precisa ser respeitado. Cada preparo carrega uma intenção. O caruru precisa de equilíbrio. O vatapá, de textura e paciência. O acaçá, de respeito e silêncio. E quando chega a Sexta-feira Santa, a estrela da mesa é o bacalhau. Mas, como tudo o que Lucia toca, ele ganha um sabor muito especial, que carrega a Bahia inteira dentro do prato. Um toque de maxixe, uma pitada de memória, um fio generoso de dendê — e está feito o milagre do sabor.

Durante a Semana Santa, é sagrado: a casa de Lucia se enche de aromas que lembram infância, fé e família reunida. E o prato principal, aguardado por todos, é o seu famoso Bacalhau à baiana com maxixe. Um prato que mistura o salgado do bacalhau com a leve acidez e frescor do maxixe, tudo envolto no calor do leite de coco e no brilho dourado do azeite de dendê. Um prato simples, mas com sabor profundo, feito para reunir e emocionar.

          Ingredientes cheios de alma e sabor

  • 600g de bacalhau dessalgado e desfiado levemente, na ponta dos dedos
  • 1 cebola grande cortada em rodelas finas, daquelas que perfumam a casa toda
  • 2 tomates vermelhos cortados em rodelas suculentas
  • 1 pimentão de cada cor: vermelho, amarelo e verde – um arco-íris baiano no prato
  • 1 molho de coentro e salsa fresquinhos, picados na hora
  • 1 molho de cebolinha bem verdinha, pra dar aquele toque final
  • Azeite de dendê a gosto – generoso, sem medo de ser feliz
  • Sal a gosto, com carinho e sem exagero
  • 1 garrafinha de leite de coco – o mais puro que você puder encontrar
  • 3 dúzias de maxixe cortado em rodelas fininhas

              Passo a passo do preparo

  1. Comece na véspera: coloque o bacalhau de molho, trocando a água várias vezes para tirar o excesso de sal. Esse cuidado faz toda a diferença no sabor final.
  2. No dia seguinte, desfie o bacalhau com delicadeza. Nada de pedaços muito pequenos – a ideia é sentir a textura do peixe.
  3. Pegue uma caçarola bem bonita. Agora vem a montagem, como se fosse um ritual: uma camada de cebola, uma de tomate, uma de pimentões coloridos, coentro, salsa, cebolinha e bacalhau. Repita as camadas até os ingredientes acabarem. O visual já começa a emocionar antes mesmo de ir ao fogo.
  4. Regue tudo com o leite de coco. Deixe que ele escorra pelas camadas e envolva todos os ingredientes.
  5. Agora vem o toque final: fios de azeite de dendê. Não economize, também não exagere. É ele que vai dar o cheiro da Bahia ao prato.
  6. Tampe a panela e leve ao fogo bem baixinho. Deixe cozinhar por 20 minutos. Os aromas vão invadir a casa e anunciar que o almoço está chegando.
  7. Depois desse tempo, ajuste o sal e deixe mais 5 minutinhos. Pronto. Está servido um prato que é pura memória afetiva.
  8. Sirva com arroz branco soltinho e, se quiser, um suco de umbu ou cajá. A mistura perfeita entre tradição, frescor e amor.

O bacalhau de Lucia é um momento de encontro, de reverência e de celebração da fé. É a Bahia posta à mesa, com sua cultura vibrante, seu sincretismo religioso, sua alma acolhedora. Cozinhar, para Lucia, é cuidar. É agradecer. É manter viva uma história que vem de longe, atravessa gerações e continua a emocionar quem tem o privilégio de provar.

Na próxima Sexta-feira Santa, experimente essa receita. Mas mais que isso: experimente o que ela representa. Porque comer, quando é com afeto e tradição, vira sempre um ato de amor.

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