Por A. Almeida
Uma manhã de coragem e compromisso na Rádio Líder FM
Nesta manhã inesquecível no programa Contato Direto, comandado pelo comunicador Mário Augusto na Rádio Líder FM, na TV Baiana e Tv Litorânea. A engenheira de Segurança do Trabalho Rute Carvalhal do CEREST de Camaçari, falou com a alma sobre um tema : a saúde do trabalhador. Ao lado de nomes de peso como o advogado trabalhista Dr. Emílio Fraga, o comunicador internacional Frederico Manchado e a deputada federal Ivoneide Caetano, a conversa foi intensa, real e tocou fundo.

Rute descreveu com paixão o papel fundamental do CEREST . Quem pensa que segurança no trabalho é só usar capacete e luva precisa ouvir essa mulher. O CEREST é um órgão de retaguarda técnica que dá suporte a cinco de municípios circunvizinhos a Camaçari, atuando diretamente na prevenção, na investigação de acidentes e na orientação de políticas públicas. E o mais importante: faz isso com humanidade. Quando Rute fala, dá para sentir que ela conhece o cheiro do chão de fábrica e a dor do trabalhador invisibilizado.
Rute puxou o fio da memória coletiva e lembrou da Constituição de 1988. Antes dela, a saúde do trabalhador era um rodapé nas prioridades do Estado. Depois dela, virou política pública, com força de lei. “Não é um favor, é um direito!”, repetiu com firmeza, fazendo os olhos brilharem em quem escutava. É nessa base legal que ela constrói cada fala, cada orientação, cada gesto técnico. Trouxe reflexões importantes sobre as novas formas de exploração que surgem no mercado de trabalho. Falou sobre o aumento da informalidade, a precarização das relações laborais e o desafio de garantir direitos num mundo onde o aplicativo define o ritmo do trabalhador. Para ela, proteger o trabalhador é cumprir a lei e honrar a dignidade humana.
Um dos momentos mais impactantes foi quando Rute expôs as dores que não aparecem em raio-X. Falou sobre a nova NR- 1 traz no texto o combate ao assédio moral e sexual no ambiente de trabalho. Hoje, o que adoece não é só o peso da carga, mas o peso da instabilidade.
Durante o debate, Rute foi firme ao lembrar que a proteção à saúde do trabalhador não pode ser uma escolha moral do patrão, é obrigação legal. “Não dá pra lavar as mãos como se fosse algo secundário. Se alguém adoece no trabalho, há uma responsabilidade ali”, disse, com a experiência de quem já acompanhou casos dolorosos de acidentes evitáveis. A fala deixou claro: omissão custa caro, custa vidas.
Segurança no trabalho é cuidado com gente, não com máquinas
Um ponto marcante foi quando Rute fez um apelo direto, quase um desabafo: “a gente cuida da máquina, troca óleo, faz revisão, mas o ser humano que opera aquilo tudo, ninguém revisa”. Uma verdade dura, mas necessária. Há empresas que investem milhões em equipamentos, mas ignoram treinamentos básicos ou turnos humanizados. Como ela mesma disse, “segurança no trabalho não é luxo, é sobrevivência”.
Ivoneide Caetano: a política que ouve e age
A deputada Ivoneide Caetano não ficou atrás. Falou das emendas parlamentares que tem destinado a Camaçari na faixa de 7,2 milhões de reais, do novo transporte público e o Camaforró nessa festa de São joão, com os dados na mão. Sua fala reforçou que o Parlamento tem que estar conectado à realidade do chão de fábrica, da rua, do volante, da enfermaria e com as mães de autistas. A deputada também confirmou a presença do presidente Lula em Camaçari, no dia 26 para a inauguração da fabrica da BYD.
Rute Carvalhal chamou atenção para a economia circular no São João, a coleta seletiva do lixo, a participação efetiva da Limpec para reaproveitamento dos resíduos sólidos.
Duas mulheres, uma mesma lutam

A presença de Rute Carvalhal e Ivoneide Caetano ali, lado a lado, foi um símbolo de que quando mulheres se levantam por causas justas, elas arrastam estruturas. Com trajetórias diferentes: uma engenheira, outra parlamentar, ambas mostram que o cuidado com o trabalhador começa na escuta, passa pela ação e se sustenta na coragem de não se calar. O que elas fazem, cada uma do seu jeito, é dar rosto, nome e história a quem costuma ser tratado como número.
O debate na Rádio Líder FM foi um grito coletivo por dignidade. Uma aula pública transmitida no rádio, que tocou em cada trabalhador do Polo Petroquímico, em cada mulher que cuida da casa e ainda enfrenta jornadas duplas, em cada jovem que entra no mercado sem saber se terá um futuro saudável. Porque no fim do dia, o que está em jogo não é um dado técnico nem uma estatística. É a vida de gente que tem nome, que tem sonho, que tem família e o poder público tem que cuidar disso.