Uma nação em ruínas: Mianmar chora seus mortos enquanto a terra ainda treme
O chão tremeu com uma força brutal na sexta-feira, deixando um rastro de destruição e lágrimas em Mianmar. Com epicentro perto de Mandalay, o terremoto de magnitude 7,7 devastou a segunda maior cidade do país e regiões vizinhas. O número de mortos saltou de 280 para 1.644 em poucas horas. Mais de 3.400 pessoas ficaram feridas. Famílias foram esmagadas sob os escombros, crianças perderam seus pais, casas viraram pó. É impossível não se comover com o grito silencioso de uma população que já vivia no limite.
Em Mandalay, o que antes eram bairros movimentados agora são pilhas de concreto quebrado e memórias enterradas. Um dos maiores mosteiros da cidade desabou, levando consigo monges e moradores. O clima é de guerra – mas não por causa do terremoto. A cidade está cercada pela dor e pela incerteza, com voluntários tentando salvar vidas enquanto a junta militar assiste de longe, armada e silenciosa.
Tragédia dentro da tragédia: a junta militar continua bombardeando áreas rebeldes
Mesmo diante da catástrofe, a junta militar não deu trégua. Na noite de sexta, enquanto famílias buscavam sobreviventes entre os destroços, aviões militares bombardearam a vila de Naung Lin, no estado de Shan. Moradores relataram o horror de ver o céu se iluminar com bombas logo após o solo ter engolido parte de suas comunidades.
O Serviço Geológico dos EUA alertou que o número de mortos pode ser muito maior do que o divulgado pela TV estatal. Segundo suas estimativas, a tragédia pode ultrapassar a marca de 10 mil vidas perdidas. Infelizmente, com a censura imposta pela junta e a falta de acesso a diversas regiões afetadas, o número real ainda é incerto. A única certeza é que a dor é imensurável.
Pela primeira vez em muito tempo, a junta militar fez um apelo por ajuda internacional. O pedido, que parecia improvável, mostra a gravidade da situação. Índia, China, Rússia e países europeus começaram a responder, mas os desafios logísticos para entrar no país — sobretudo em áreas sob controle rebelde — são imensos. Enquanto isso, cada minuto sem ajuda custa uma vida.
Desde o golpe militar em 2021, Mianmar mergulhou em uma guerra civil brutal. Segundo a ONU, quase 20 milhões de pessoas — de um total de 54 milhões — estão sem comida ou abrigo adequados. O terremoto só escancarou ainda mais o sofrimento dessa população. Casas destruídas, escolas reduzidas a pó, hospitais em colapso. O país vive um pesadelo sem fim.
O que acontece em Mianmar é um desastre humanitário agravado por uma guerra que não dá sinais de recuo. É uma nação quebrada pela terra, pelas bombas e pelo silêncio do mundo. Não dá mais para ignorar. O povo de Mianmar precisa de solidariedade, de ajuda urgente e, acima de tudo, de paz.